ATA DA DÉCIMA PRIMEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 13.02.1997.

 


Aos treze dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e sete, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Clovis Ilgenfritz, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Dib, Juarez Pinheiro e Renato Guimarães, Titulares. Ainda, durante a presente Reunião, compareceram os Vereadores Carlos Garcia, José Valdir, Maria do Rosário e Reginaldo Pujol, Titulares, e João Carlos Nedel, Suplente. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Décima Reunião Ordinária que, juntamente com a Ata da Nona Reunião Ordinária, foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 03 Pedidos de Providências e o Pedido de Informações nº 08/97 (Processo nº 382/97); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências e o Pedido de Informações nº 13/97 (Processo nº 525/97). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 55/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 59/97, do Senhor Gilberto Rudi Treptow, Presidente do Instituto de Previdência do Estado - IPE; s/nº, do Senhor Onyx Lorenzoni, Deputado Estadual/RS; Informativos: do Grêmio Sargento Expedicionário Geraldo Santana, divulgando a programação comemorativa dos cinqüenta anos daquela instituição; da Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar do Rio Grande do Sul - ABAMF, divulgando trabalhos realizados, eventos e serviços prestados aos associados; Convite do Senhor Antônio Britto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul, ao Presidente deste Legislativo, para despedir-se do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, no dia seis de fevereiro do corrente ano, no Aeroporto Internacional Salgado Filho. A seguir, constatada  a  existência  de  "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação foram aprovadas as Indicações nºs 01 e 02/97 (Processos nºs 370 e 381/97, respectivamente), ambas de autoria da Vereadora Anamaria Negroni. Após, o Senhor Presidente informou que hoje, às quatorze horas e trinta minutos, será realizada reunião de Mesa para organização da Sessão Ordinária do dia dezessete do corrente mês e registrou a realização, na próxima segunda-feira, de reunião-almoço com a participação de setores da imprensa, no Restaurante Mauro da Rosa Silva. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Gerson Almeida reportou-se aos festejos carnavalescos, externando sua posição favorável à instituição de um espaço permanente, uma pista de eventos, com vistas à realização dessa festa popular, e comentando os transtornos causados  com  a  montagem e desmontagem das arquibancadas, além da questão dos custos gerados por tal empreendimento. O Vereador Guilherme Barbosa discorreu sobre preocupação divulgada pela Companhia Rio-grandense de Saneamento-CORSAN, face à utilização indiscriminada, no litoral norte, de água oriunda de poços, uma vez que já foi constatada a contaminação da maioria dos mananciais hídricos. Ainda, abordou notícia veiculada pelo Jornal Zero Hora, acerca de iniciativas do Governo do Estado e do Governo Federal, quanto à geração de energia elétrica. O Vereador João Dib expressou sua contrariedade ao lema da campanha "Liquida Porto Alegre", desenvolvida pelo setor lojista e que conta com apoio da Administração Municipal. Nesse sentido, salientou que os símbolos da Cidade não podem ser utilizados em campanhas publicitárias com fins comerciais. O Vereador Juarez Pinheiro, comentando a manchete de capa do Jornal Correio do Povo de hoje, reportou-se às críticas sofridas pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, de parte de intelectuais da cidade de Bolonha, na Itália. Também, leu editorial da Revista Atenção sobre o aniversário de dois anos do Plano Real. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn atentou para a ocupação, por família carente, de área verde localizada embaixo do viaduto do Aeromóvel, solicitando providências da Secretaria Municipal de Obras e Viação a esse respeito. Lamentou a falta de solução para os problemas de esgoto no encontro da Rua Felipe Camarão com a Avenida Cauduro e criticou o Senhor Prefeito Raul Pont, por descumprir o artigo 17 da Lei Orgânica Municipal, referente ao turno integral de ensino a ser ministrado nos Centros Integrados de Escolas Modelo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol reportou-se ao pronunciamento do Vereador Juarez Pinheiro, sobre críticas feitas por intelectuais italianos ao Presidente Fernando Henrique Cardoso. Defendeu a construção de uma pista de eventos em Porto Alegre, salientando a necessidade de uma política de turismo eficiente para o Município. Ainda, comentou o problema representado pelas ocupações verificadas no Morro da Glória. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Renato Guimarães discorreu sobre a necessidade de se criar uma nova forma de organização do carnaval porto-alegrense, a qual permita maior participação da comunidade. Reprovou a posse, em cargo na Organização das Nações Unidas, do Senhor Júlio Cezar Gomes, ex-Chefe do Cerimonial do Palácio do Planalto. Ainda, falou acerca do trabalho desenvolvido pelos Conselhos Tutelares e do tema da Campanha da Fraternidade deste ano - os encarcerados. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Juarez Pinheiro analisou demanda judicial existente na Casa, envolvendo a posse dos Suplentes Lauro Hagemann e Cyro Martini. Reportando-se ao pronunciamento do Vereador João Dib, sobre a campanha "Liquida Porto Alegre", afirmou que o Executivo Municipal não tem como censurar uma atividade desenvolvida pela iniciativa privada. O Vereador João Dib retomou seu pronunciamento sobre a campanha "Liquida Porto Alegre". Comentou acordos  firmados  entre  o PT e o PDT  durante a  elaboração  da  Lei   Orgânica <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Municipal, relativos ao sistema educacional da Cidade, e teceu considerações acerca das posses, na Casa, dos Suplentes Lauro Hagemann e Cyro Martini. A Vereadora Anamaria Negroni parabenizou os membros do PT pelo transcurso do décimo sétimo aniversário deste partido, enaltecendo o importante papel desempenhado pela oposição em um sistema democrático. Elogiou o trabalho da Secretaria Municipal de Cultura na organização do carnaval deste ano, ressalvando os incidentes com a lona de cobertura da praça de alimentação próxima ao Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Cyro Martini comentou as posses, neste Legislativo, de Sua Excelência e do Vereador Lauro Hagemann, contestando afirmações do Vereador João Dib, de que essas posses seriam anti-regimentais e de que existiria "jurisprudência" na Casa relativa ao assunto. A Vereadora Anamaria Negroni, reportando-se ao pronunciamento do Vereador João Dib sobre a campanha publicitária "Liquida Porto Alegre", expressou seu entendimento de que deveria constar uma vírgula entre as palavras "Liquida" e "Porto Alegre". Reiterou seus elogios à Secretaria Municipal da Cultura, na pessoa de sua titular, a Senhora Margarete Moraes, pela organização do carnaval deste ano. Comentou a visita do Presidente Fernando Henrique Cardoso a Porto Alegre, dia seis do corrente mês, e, ainda, analisou a problemática do desemprego no Brasil. Na ocasião, o Vereador João Dib formulou Questão de Ordem referente à tramitação do Requerimento que encaminhou à Mesa, solicitando informações acerca do número de assessores a que cada Vereador tem direito e da situação dos Vereadores Henrique Fontana e João Verle junto à Secretaria Municipal da Saúde e ao Departamento Municipal de Habitação, respectivamente, ao que o Senhor Presidente respondeu que irá diligenciar para que essas informações sejam prestadas da forma mais rápida possível. Às onze horas e trinta e oito minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos da presente Reunião Ordinária, convocando os Senhores Vereadores para a Primeira Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Segunda Legislatura, a ocorrer na próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Reginaldo Pujol e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Estão abertos os trabalhos.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Gostaria que V. Exa. esclarecesse se o quórum é de 8 ou 9 Vereadores.

 

O SR. PRESIDENTE: Nove. Para iniciar a Reunião precisamos de 6 Vereadores.

Havendo quórum passamos à

 

ORDEM DO DIA

<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=257 mm><E><D><D>

                  DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

 

PROC. 0370/97 -

INDICAÇÃO Nº 001/97, de autoria da Verª. Anamaria Negroni,

 

que sugere ao Senhor Governador do Estado, através da Brigada Militar, seja feito policiamento ostensivo na Rua José Goulart Júnior, localizada no Bairro Menino Deus.

 

 

Parecer               -

da 1ª Comissão Representativa. Relator Verª. Maria do Rosário: pela aprovação.

 

     

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. Não havendo quem queira discutir, encerrada a discussão. Em votação. Não havendo inscritos para encaminhar, estão encerrados os encaminhamentos. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. APROVADA a Indicação nº 001/97.

<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=257 mm><E><D><D>

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

 

PROC. 0381/97  -           

INDICAÇÃO Nº 002/97, de autoria da Verª. Anamaria Negroni,

que sugere ao Senhor Governador do Estado, através da Companhia Rio-grandense de Telecomunicações - CRT, seja instalado um telefone público, "tipo orelhão", na Rua Mansão, defronte ao nº 65, esquina com a Rua Feliz, no Bairro Azenha.

 

 

Parecer              -           

da 1ª Comissão Representativa. Relator Verª. Maria do Rosário: pela aprovação.

 

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. Não havendo quem queira discutir, encerrada a discussão. Em votação. Não havendo inscritos para encaminhar, estão encerrados os encaminhamentos. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. APROVADA a Indicação nº 002/97.

A Mesa informa que vamos ter uma reunião de Mesa às 14h30min e solicitamos aos Vereadores presentes que comuniquem as suas Bancadas. O objetivo dessa reunião é discutir a organização da Sessão Ordinária do dia 17, porque gostaríamos que ela fosse um pouco diferente das ordinárias, pois deveremos contar com a presença do Sr. Prefeito e equipe do Governo, uma vez que essa Sessão reabrirá os trabalhos legislativos deste ano.

Conversaremos com a Diretoria Legislativa para que, no primeiro momento da Sessão, fosse dada a palavra às Lideranças  e ao Sr. Prefeito. A seguir, teremos um Grande Expediente, solicitado pela Vereadora Maria do Rosário, em defesa da soberania nacional, e estarão presentes autoridades e representações partidárias, comunitárias e sindicais. Depois, se for solicitada a inversão da Ordem do Dia, poderemos iniciar as votações das matérias. Essa reunião será importante, pois será a primeira Sessão Ordinária do ano Legislativo.

Também gostaríamos de realizar, na segunda-feira, uma reunião-almoço aqui na Casa com a presença, como convidados, da imprensa, para trocarmos idéias: com a Mesa, os Líderes, os Vereadores e os quatro Diretores. Esta é a proposição que está sendo encaminhada.

Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra. Desiste. O Ver. Clovis Ilgenfritz também desiste. O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra. Ausente. O Ver. Fernando Záchia está com a palavra. Ausente. O Ver. Gerson Almeida está com a palavra.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: O Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Quero, apenas, nesta última Sessão da Comissão Representativa, e a primeira depois do Carnaval, registrar essa grande festa popular da Cidade de Porto Alegre.

Fiz questão de acompanhar por algumas noites o Carnaval na avenida, apesar de, reconhecidamente, não ser um carnavalesco. Foi a primeira vez que acompanhei com mais tempo os desfiles.

Estamos num debate bastante grande, que durou pelo menos um ano, em relação à necessidade ou não de uma pista de eventos na Cidade. Esse debate mobilizou inúmeros segmentos, favoráveis e contrários. Nesta Casa, inúmeras Sessões foram feitas para debater essa questão.

Ficou claro, no amadurecimento do debate, que o Carnaval de Porto Alegre precisa de uma pista de eventos, um lugar apropriado para poder se realizar em todo o seu potencial. As instalações que a Prefeitura, junto com a Associação das Entidades Carnavalescas, coloca à disposição, anualmente, do Carnaval são as melhores possíveis, dentro de uma situação de absoluta precariedade. A cada ano têm que ser montadas e desmontadas. Por mais esforço que haja, por parte de todas as instituições que patrocinam e se dedicam a fazer o melhor nessa festa popular, sempre vai estar aquém, à medida em que nada é possível ser feito de forma a atender todas as expectativas em um lugar provisório, que vai ser desmontado e que dois meses antes já começa a ser montado, em situação em que o trânsito tem que ser modificado.

Há, também, os custos de montar e desmontar, semelhante ao trabalho da Penélope, que durante todo o dia tecia a sua manta, esperando Ulisses para, de noite, desfazer, porque, enquanto não terminasse de fazer a manta, ela não estaria liberada, segundo as normas da época, para um novo casamento. Como ela não queria que isso acontecesse e acreditava que Ulisses estava vivo, ela tecia e destecia todo o dia. A montagem da pista de Carnaval, em Porto Alegre, é muito semelhante a este trabalho, certamente este será um debate que marcará também esta Legislatura, talvez neste ano, neste semestre, já que o Prefeito Raul Pont, publicamente, expressou a sua posição de que neste ano, ainda, vai empenhar todos os esforços para que o próximo Carnaval já seja realizado numa pista de eventos em Porto Alegre. Parece que, com essa decisão do Executivo e com a discussão que a Câmara tem feito de uma forma bastante detalhada, e parece-me de bastante séria, as condições para que tenhamos uma pista de eventos em Porto Alegre já estão maduras. A Câmara de Vereadores, a meu juízo, vai terminar o debate nos próximos meses para que possamos, em tempo hábil, iniciar as obras para as quais já há verbas destinadas do Orçamento e, quem sabe, possamos realizar o ideal de, no ano que vem, termos uma pista de eventos em Porto Alegre que esteja à altura da potencialidade do Carnaval na nossa Cidade.

Quero, aqui, repetir uma frase do Presidente das Associações das Escolas Carnavalescas, numa conversa que tivemos no último dia do desfile, em que ele chamava atenção de que "a pista, o local e as instalações ali colocadas são muito menores do que o Carnaval de Porto Alegre." Particularmente, concordo com isso e acho que está madura a discussão e temos que, sem dúvida nenhuma, como Instituição que, em última análise, pode deliberar, encaminhar sugestões ou fortalecer as já existentes, juntar esforços para esse sonho de grande parcela da população de Porto Alegre, especialmente dos setores mais despossuídos, que são os que brilham para que o Carnaval possa ser realizado e que esta festa popular tenha um lugar digno da sua expressão e sua importância. Assim como outras festividades, como 7 de setembro, possam ser realizadas em condições bem mais adequadas, para o pessoal de Porto Alegre, que passa as madrugadas inteiras nesse período assistindo o Carnaval, e que as  instalações sejam mais aprazíveis.

Que nós possamos então, fazer jus à qualidade de vida de Porto Alegre e à importância que esta festa pode adquirir, não só em Porto Alegre, mas em todo o Estado e, porque não dizer  no MERCOSUL, já que o Carnaval é uma singularidade e uma particularidade entre os países e as regiões que formam o MERCOSUL do Brasil.

Portanto, com uma política bem organizada, inserida no calendário de turismo e bastante divulgada no MERCOSUL, quem sabe o nosso Carnaval não possa ganhar cores multinacionais e se situar como um elemento a mais de integração desta região. E se isso não bastasse, a articulação que o debate extenso assegurou para a discussão da pista de eventos do Carnaval, me parece que garante a maturidade necessária para que uma obra desse porte possa, não só ser feita, como sintetizar o grande debate e a participação ativa dos vários segmentos que concordando ou discordando, num primeiro momento, na verdade, hoje, admitem, por unanimidade, a importância e a necessidade de que se tenha um lugar adequado para esta grande festa popular.

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Gerson, eu agradeço o aparte a V. Exa. Só quero dizer que a discussão sobre a necessidade da pista de eventos ou do parque de eventos, como queiram, está superada a longo tempo. O que se discutiu há alguns anos atrás foi a localização e a teimosia de fazer em determinado lugar onde seria inconveniente. De resto, quanto a necessidade de ter uma pista de eventos ou um parque de eventos não é mais necessário debate na cidade de Porto Alegre.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Agradeço, mas discordo do aparte. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)<C>

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Com a palavra o Ver. Guilherme Barbosa, V. Exa. tem 10 minutos, em Comunicações.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Companhia Rio-grandense de Saneamento, CORSAN, na semana passada, divulgou preocupação quanto à utilização indiscriminada no litoral Norte, de poços, e através desses elementos, do uso da água por banhistas, hotéis, restaurantes e até hospitais, chamando atenção de que a grande maioria desses mananciais estão com a água contaminada. Eu quero, aqui, cumprimentar essa iniciativa da Companhia Estadual e, ao mesmo tempo, lembrar de um debate que tivemos no nosso Município, inclusive no âmbito da COSMAM, nesta Casa, quando o DMAE, no ano passado, tomou a iniciativa semelhante, lacrando poços profundos, artesianos, de alguns hospitais, porque tinha detectado através de exames não só do laboratório do DMAE, mas também de outros laboratórios externos ao Departamento, e a água de alguns desses estabelecimentos estava contaminada. Houve uma reação forte, pena que o Ver. Antonio Hohlfeldt não está aqui, porque já naquela ocasião se provou que o DMAE, longe de estar preocupado com aumento da arrecadação, estava preocupado, sim, com saúde pública, principalmente no âmbito de um estabelecimento de saúde. E agora, a CORSAN, com a mesma preocupação reforça aquela decisão antes tomada pelo DMAE que a Justiça, afirme-se, manteve a decisão do Departamento.

Quero também comentar e pedir licença aos colegas Vereadores para voltar a um assunto que tenho trazido várias vezes a esta tribuna, às vezes, até me esforço para não voltar a falar, Ver. Paulo Brum e Ver. Pujol, ambos da Empresa Estadual de Energia Elétrica, mas que de forma positivamente convocado ao debate, não se pode fugir. Ontem o Jornal Zero Hora, em duas páginas, trouxe a informação: iniciativas do Governo do Estado e do Governo Federal da construção, até o ano 2001, de 10 obras no Estado, que vão, iriam, triplicar a produção de energia elétrica no estado até o ano 2001. Portanto, basicamente, cinco anos de obras, num total de recursos, se considerarmos dois gasodutos, um que vem da Bolívia e outro que virá da Argentina, de quatro bilhões, setecentos e quinze milhões de reais, o que daria quase um bilhão por ano de investimento em energia, quase todo ele no Estado do Rio Grande do Sul. Eu duvido muito que isso vá acontecer.

Ontem me dei o trabalho de fazer alguns cálculos e quero dizer o seguinte: ou a iniciativa privada e os capitalistas não sabem mais fazer conta, ou essas obras, na sua totalidade, não irão ser realizadas. Se o forem, nós vamos ter, o ano 2001, ociosidade na capacidade das usinas e, portanto, elas não irão trabalhar com toda a sua capacidade. A pergunta que fica é, como que o investimento irá ser recuperado? Então, eu considerei os dados de ontem, trazidos pelo Jornal Zero Hora - a gente sabe que, às vezes, é uma espécie de "Diário Oficial" do Governo Britto - já de início acrescentando cerca de 15% de demanda reprimida no estado - eu acho que é menor, mas já coloquei um pouco mais - e, em seguida, crescimento de 5% do uso de energia no estado, que vai ser difícil manter, inclusive, um crescimento da economia do Brasil, para ter ano a ano, um crescimento de 5%. Considerando tudo isso, no ano de 2001 nós teríamos a capacidade instalada no estado de 5540mW ou 6040mW. Essas duas alternativas, porque uma das obras que seria a conversora, ela, segundo informações de ontem, podia ter uma capacidade de 500 a 100mW. Nós vamos ter uma sobra no ano 2001 de 1000mW a 1500mW, contra uma demanda de 4403mW. Então, a capacidade instalada é 5540mW ou 6040mW, nesse quadro, nós temos uma série de indefinições. Vai sobrar energia, e essas obras que se pretende construir - a retomada da Jacuí I, a Usina Hidrelétrica Dona Francisca, a Usina Hidrelétrica de Itá, a Usina Hidrelétrica de Machadinho, Candiota III, outra termelétrica a gás em Uruguaiana - serão todas, infelizmente para o meu gosto, usinas da iniciativa privada. Se vai sobrar energia no ano 2001, quem vai produzir menos do que a capacidade instalada da usina? Não há regulamentação para isso. Digamos que sejam todas as usinas, de forma proporcional, para que não haja o excesso de energia. Vender-se-ia para quem? Dizem que vamos ser exportadores de energia, mas para quem vamos exportar? Do Uruguai e da Argentina nós vamos comprar. Santa Catarina não tem necessidade de energia; O Paraná, menos ainda, que tem um parque gerador forte. Então, quem vai reduzir a produção? Mesmo que não haja uma empresa privada em particular, mas todas, proporcionalmente, como será pago o investimento realizado? Só há uma saída: aumento da tarifa.

Acrescenta-se a isso, dentro do contexto fabuloso apresentado ontem, que nós vamos ter dois gasodutos (isso é falta de planejamento!): um gasoduto vindo da Argentina; outro, vindo da Bolívia, passando por São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Portanto, nós vamos ter o oferecimento de um outro tipo de energia - o gás -, que é muito interessante por ser menos poluente. Ora, se vai haver outro elemento a ser usado pelos industriais, eles vão reduzir a utilização da energia elétrica, portanto, vai sobrar mais energia elétrica da que estaria sendo gerada no Estado.

Além disso - o que é uma iniciativa correta - a CEEE está incentivando a construção de pequenas hidrelétricas, especialmente na bacia dos rios Taquari e Antas que vão trazer um total de 300 megawatts para o Estado. Portanto, mais outra iniciativa de se ter energia no Estado.

O que me parece é que há uma tremenda propaganda e uma falta completa de planejamento, porque, se hoje temos carência de geração no Estado, se essa orgia de construção, realmente se der até o ano 2001, vamos ter uma falta de planejamento e uma sobra de energia, que não tem significado nenhum do ponto de vista do planejamento, e vai significar, necessariamente, o aumento de tarifa para recuperar o investimento feito pela iniciativa privada.

Portanto, seria importante que o Governo do Estado conseguisse provar esses números. Ou o Governo não vai, de fato, construir essas usinas; ou deixou de saber fazer conta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)<C>

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO DIB: Senhor Presidente e Srs. Vereadores. "Liquida Porto Alegre", na Prefeitura. Liquida o Brasil na Prefeitura de Porto Alegre. Não posso admitir que uma campanha de mérito, que é para promover o nosso comércio e que tenha participação da Prefeitura Municipal, permita que se fale em "Liquida Porto Alegre" e "Liquida Brasil". Têm responsabilidade o Prefeito e seus assessores com essa publicidade que se faz para melhorar as vendas no comércio, o que é absolutamente justo e interessante para todos os rio-grandenses. Mas "Liquida Porto Alegre - Vai começar a melhor liquidação do Brasil". Não satisfeitos em liquidar Porto Alegre, eles liquidam o Brasil também, e hoje a publicidade já diz assim: "Liquida Porto Alegre na Casa 'Y' ". Mas, de qualquer forma, a Prefeitura tem que cuidar esse tipo de coisa. A imagem do Laçador com uma sacola de compras "Liquida Porto Alegre". Se pelo menos tivesse uma vírgula depois de "liquida", aí estaria certo, e a Prefeitura deve estar gastando um bom dinheiro hoje com o Jorge Ben Jor no Largo Glênio Peres, o Estado também ajuda. Acho que está tudo muito certo, mas não pode liquidar Porto Alegre e muito menos fazer a melhor liquidação do Brasil. Sei que não é culpa deste ou daquele, a agência de publicidade fez e devem pensar que está bem-feito. Em Belo Horizonte fizeram a "Liquida Belô", mas não temos que copiar os erros dos outros. Não podemos liquidar Porto Alegre e se fosse prefeito, mesmo não tendo participado do evento, ligaria para a agência de publicidade e não deixaria liquidar Porto Alegre, muito menos "a melhor liquidação do Brasil". Não estou de acordo com isso.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria que o senhor dissesse com base em que dispositivo legal, ou se na Lei Orgânica, o Prefeito pode sustar uma campanha como esta, promovida pela iniciativa privada?

 

O SR. JOÃO DIB: Muito inteligente a sua pergunta. A base primeira é a autoridade do Prefeito, não precisa de lei. Quando era Prefeito, fizeram uma publicidade da universidade com a bandeira do Brasil, e dei trinta minutos para retirarem dos "out doors", porque, senão, eu mandaria retirar. A segunda - não estou querendo usar a Lei -, mas é um respeito que tenho por esta Cidade, que amo tanto como muitos aqui, e a autoridade do Prefeito é de interferir. Evidentemente, ele tomou conhecimento, "Liquida Porto Alegre" não tem vírgula, então é para liquidar mesmo. E não quero liquidar Porto Alegre e, muito menos, "a melhor liquidação do Brasil". Agora, na Lei Orgânica também há um dispositivo: os símbolos do Município não podem ser utilizados em publicidade; o brazão de Porto Alegre não pode ser usado em publicidade. O símbolo do Município, por Lei desta Casa, é o Laçador.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: Mas o símbolo do Município pode ser utilizado em publicidade de gráfico informativo, e de orientação.

 

O SR. JOÃO DIB: Em propaganda inconstitucional, claro que pode. Não pode ser em publicidade comercial, não pode ser utilizado num carro com nome de uma empresa o brasão de Porto Alegre. Estou preocupado, é alguma coisa que acontece sobre Porto Alegre, liquidam Porto Alegre e ninguém diz nada. Até porque há legislação dizendo que a publicidade deve ser feita com ortografia e pontuação corretas, e aqui não está, a não ser que queiram mesmo liquidar Porto Alegre. E Porto Alegre não pode ser liquidada, tem que ser amada, tem que ser acarinhada, bem tratada. Não é trazendo Jorge Ben Jor para cantar no Largo Glênio Peres, com o dinheiro do povo de Porto Alegre, que vai ser bem tratada. E sei que não houve intenção de agredir, mas é uma agressão, e eu, se fosse prefeito, buscaria a empresa de publicidade. Talvez não dê para fazer mais nada neste ano, mas no ano que vem irão fazer de novo, e talvez essa campanha já esteja com tudo montado, mas também não custa nada colocar uma vírgula depois de "liquida". E depois não custaria nada trocar "Vai começar a melhor liquidação do Brasil" por "a melhor liquidação no Brasil", é uma diferença muito grande. Eu era Prefeito e a Câmara apresentou um Projeto de Lei em relação às escolas do Município, eu fiquei muito brabo, porque era uma aberração que estavam fazendo, e na hora que o Projeto foi aprovado, a Lei foi à minha sanção, eu sempre examinava antes, então disse: pode encaminhar para sanção. "Mas como o Senhor estava tão brabo porque falavam nas escolas do Município?" Sim, eu estava brabo porque era nas escolas do Município, agora os grandes legisladores que lá estão, não souberam diferenciar o "do" do "no". As escolas no Município são muitas e eu então não me preocupo mais, se aplicar ou não a lei, eu não vou sancionar, mas deixem eles promulgarem sem nenhuma preocupação.

Então, liquidação "no" Brasil, é no local, é no País Brasil, agora, liquidação "do" País, eu não posso entender outra coisa, é liquidação do País mesmo. Acho que todos amamos Porto Alegre e podemos fazer com que as coisas melhorem. Acho que é tão importante para o Prefeito de Porto Alegre esse fato ,que ele instituiu o passe livre no próximo sábado ou no outro, para ajudar as vendas. Cumprimentos ao Sr. Prefeito pela sua iniciativa. Tem que ajudar as vendas, porque mais vendas, mais a Prefeitura arrecada, porque a Prefeitura recebe 25% de todo o ICMS. Mas também vai um pouco de reclamação para o Governo do Estado, ele não pode deixar liquidar o Brasil, nem Porto Alegre, e ele está dando condições excepcionais na arrecadação do ICM, para que esta promoção se faça.

Então por amor a Cidade, por amor a Porto Alegre, que é minha, que é nossa, que é de todos nós, eu não quero que ela seja liquidada e muito menos que a maior liquidação do Brasil se inicie. Aqui quando falam em privatizar uma empresa brasileira, fazem comícios, fazem carnavais, então quando querem liquidar o Brasil, está aqui, não fui eu que escrevi, "A maior liquidação do Brasil", vão liquidar o Brasil, não as mercadorias que estão sobrando nas lojas, e que não estão encontrando clientes e que o Governo Municipal e Estadual facilitam a campanha. Eu não quero que Porto Alegre seja liquidada, portanto a Prefeitura que não permita, que liquide Porto Alegre e muito menos o nosso amado Brasil. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, talvez uma das coisas mais sensatas que o Governo FHC tenha feito nos últimos meses, ou até no seus dois anos de mandato, foi a autocrítica que fez nesse périplo que realiza junto aos países centrais. O Presidente FHC reconheceu, de forma clara, que o Brasil ingressou na economia globalizada de forma equivocada. Não podemos, nós desta Casa Legislativa, passar esta Sessão sem verificarmos a crítica que o "Imperador Fernando II" recebeu dos intelectuais italianos na sua visita à Itália. Isso está na página de capa do Correio do Povo de hoje, como também em outros jornais do País. Diz a matéria do Correio do Povo: "Críticas e pedidos de uma política que considere os desequilíbrios sociais marcaram ontem o segundo dia de visita do Presidente Fernando Henrique Cardoso à Itália. Cerca de 60 intelectuais e professores da Universidade de Bolonha pediram a FHC um maior compromisso com os sem-terra. Uma carta aberta ao Presidente italiano, Oscar Luigi Scalfaro, assinada por organizações ítalo-brasileiras, enumera a grave situação das mulheres, crianças e agricultores no Brasil e critica o plano de estabilização econômica do Presidente brasileiro. O Conselho Comunal de Bolonha defendeu o direito dos sem-terra de serem assentados nas terras improdutivas, enquanto 60 intelectuais da Universidade de Bolonha pediram maior compromisso do Presidente brasileiro com a reforma agrária..." Eu faço essa observação, porque acho da maior importância que se recupere um editorial da Revista Atenção que, aliás, é uma das melhores revistas. Uma das revistas, de parte de imprensa, que não se aliou à política e ao poder do Governo FHC. A Revista Atenção diz, por ocasião da comemoração dos dois anos do Plano Real - é um editorial, Srs. Vereadores, da melhor qualidade, que está à disposição, no meu gabinete, principalmente do Ver. Isaac Ainhorn, que se preocupa com essas questões, com certeza, e que faz essa sinalização com seu movimento educado e gentil. Eu vou ler, e pediria a atenção não só dos Srs. Vereadores, mas de todos aqueles que nos brindam hoje, aqui, com a sua presença. Diz o editorial: "Há pouco, o Governo comemorou dois anos do Plano Real. O coquetel de juros alucinados, câmbio rebaixado e fronteiras escancaradas reduziu drasticamente os sintomas inflacionários e recuperou a estabilidade da moeda.  E aqui termina a analogia clínica, pois, neste caso, o remédio aplicado refreia os efeitos mais sensíveis da doença, mas estimula o desenvolvimento da imunodeficiência por todo o sistema econômico.

Entre todas as nações que embarcaram tardiamente na epopéia capitalista, mais de um século após as grandes revoluções burguesas, o Brasil constitui talvez a mais completa e diversificada cadeia produtiva. Em poucas décadas se transformou, de um País agrário, em uma economia industrial integrada e que abarca praticamente todos os ciclos importantes da produção de mercadorias.

O modelo de industrialização desenhou um País socialmente injusto e fragmentado, mas a opção pela industrialização plena criou condições concretas para que os brasileiros fossem daqueles raros povos do antigo sistema colonial com chances, em um prazo historicamente visível, de romper a situação de subalternidade e construir uma sociedade radicalmente democrática. E é exatamente essa opção que hoje está em perigo.

O Projeto de integração brasileira à globalização defendido pelo Governo conduz à desindustrialização. O coquetel do Real é a enzima dos três fenômenos mortais: descapitalização das empresas, transformação do capital industrial em comercial e substituição reversa das importações. Com os juros elevados as empresas perdem capacidade de investimento e até de pagamento de suas contas; muitas são simplesmente varridas do mapa e outras são absorvidas  por grupos mais fortes ou diretamente pelos bancos credores. Descapitalizadas, as indústrias encontram sua tábua de salvação no câmbio e nas alíquotas favoráveis à importação, e transformam-se em "traders" - abandonando a produção e passando a importar e revender mercadorias que antes fabricavam. Por fim, demonta-se paulatinamente a cadeia produtiva, que é substituída pelas importações e emerge como centro dinâmico a indústria montadora, diretamente subordinada à aquisição de alta tecnologia em suas matrizes internacionais e fortemente eliminadora de empregos.

No cenário já em curso, como demonstra nossa reportagem, o país do futuro renuncia à fortuna. Para ser aceito, como um sócio de segunda, no clube da nova ordem e suas elites poderem receber o naco que acham que lhes cabe, desmantela-se o maior patrimônio brasileiro."

Nós sabemos, Srs. Vereadores, que o Plano Real, de todos aqueles que foram constituídos a partir do Plano Cruzado, foi aquele, já dissemos isso, que teve uma maior preparação técnica na sua elaboração. Mas nós queremos, hoje, aqui, reafirmar: está muito claro que o Plano Real começa a vazar. Está muito claro que a nação brasileira passa por um período extremamente perigoso, senão vejamos: não há como diminuir os maiores juros em todo mundo aos especuladores. Se diminui o pagamento dos juros, a conseqüência é a "mexicanização", e esses capitais voláteis vão embora do país. Não há como, segundo FHC, desvalorizar o câmbio, porque, se desvalorizarmos o câmbio, na sua leitura, a inflação retoma o seu caminho de até então. E além disso a situação é de déficit na balança comercial e não tem como ser revertida. E não tem como ser revertida por uma série de razões. O Governo FHC diz que não tem como mexer no câmbio altamente valorizado. O Governo FHC, com a política de submissão, faz com que a indústria nacional vá minguando. O artigo antes mencionado é da maior importância para a reflexão de nós parlamentares, de nós cidadãos e dos sindicatos. Quer dizer, não há como acreditar - com o desmantelamento da indústria, a nossa submissão ao capital internacional, o fato de aceitarmos essa lógica de que temos que ocupar pequenos nichos de exportação, apenas aqueles que interessam as nações centrais - que nós vamos conseguir que a balança comercial seja equilibrada. A balança comercial não sendo equilibrada, não sendo possível mexer na taxa de câmbio, as conseqüências são funestas. As nossas reservas se vão pelo ralo. Outra conseqüência é o desemprego, com o desmantelamento da nossa indústria e emergindo o processo das montadoras, que são fortemente eliminadoras de emprego; o que acontece é um desemprego imenso. E a submissão ao capital internacional chega às raias do ridículo.

No recente encontro mundial realizado na Suíça, o Secretário da Fazenda dos Estados Unidos disse que nós tínhamos que acelerar o escancaramento das nossas fronteiras; que o mundo neoliberal é muito rápido e que nós não devíamos respirar, porque o mundo vai respirar pelo Brasil. Solicitou que fosse apressado o escancaramento das nossas fronteiras. Isso é um absurdo. É isso que colhe o Sr. Fernando Henrique Cardoso e seus apoiadores do PFL, do PSDB e de outras siglas, que se juntam em troca de cargos neste Governo. Há uma única saída para este País: a volta do Estado desenvolvimentista, voltado para a real análise da questão da crise do Estado latino-americano e não da crise do Estado capitalista, de Margareth Thacher, que introduziu esse conceito. Estamos cometendo um grande equívoco, e quem vai sofrer é a nação brasileira; partimos de conceitos errados, diagnósticos errados sobre a crise do Estado brasileiro e latino-americano; não entendemos nada de globalização. O Sr. Fernando Henrique Cardoso já cedeu ridiculamente, de quatro, na questão da Lei de patentes e outras.

Nós vamos resistir às pressões do capital internacional, o Presidente não reúne condições políticas para isso. Por uma reforma fiscal, pela reforma agrária já, é o que o povo brasileiro clama. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)<C>

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn em Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tenho muitos assuntos para falar; um deles é a recente ocupação que ocorreu embaixo do viaduto do aeromóvel; o assunto do aeromóvel não foi resolvido; virou, como o Ver. João Dib falou, o aeromóvel de papel, mas, às vezes, há uma grande divulgação nacional ou até internacional. Houve uma ocupação do espaço público por um casebre, com roupas estendidas nos arames, etc. Sei que em outras áreas isso é estimulação, mas aqui - o Ver. Cyro Martini concorda comigo - somos contra a ocupação de áreas verdes dentro da cidade. Eu espero as providências da Administração Municipal, ainda hoje, e da SMAM: que não permita que se instale aquele barraco embaixo do aeromóvel, a despeito de que talvez seja o momento das folias do Momo; mas aquele casebre não tem nada a ver com isso e instalou-se bem em frente deste Legislativo. Ou a Cidade é uma estrutura organizada, em que os poderes públicos têm responsabilidade, ou se deixa a coisa correr solta. Eu estou muito preocupado com a estrutura do contexto da Cidade. Eles estão agora muito preocupados em pintar meio-fio. Hoje amanheceu a Osvaldo Aranha pintada, no Bonfim. Em vez de resolverem o problema crônico do esgoto, que o DEP não resolve, na Av. Osvaldo Aranha, entre a Felipe Camarão e a Av. Cauduro, na madrugada resolveram pintar os meio-fios de rosa, verde e branco; cores alegres, mas quando as coisas estão funcionando. Fazer isso agora, quando a estrutura está abalada, é lamentável!

Mas o que me traz aqui, e eu, neste rápido momento de Liderança, quero fazer a minha manifestação em relação ao fato, é o fato de que o Prefeito, quando assumiu, prometeu cumprir a Lei Orgânica e, já no primeiro mês, ele violou a Lei Orgânica frontalmente, talvez até por desaviso. Ele violou o art. 17, da Lei Orgânica Municipal, nos seus Atos e Disposições Transitórias, que diz: "Os Centros Integrados de Educação Municipal - CIEMs - desenvolverão, a partir da data da promulgação da Lei Orgânica, atividades de turno integral, atendendo a filosofia político-pedagógica voltada às classes populares." Esse é o artigo consagrado pela Lei Orgânica, Verª. Maria do Rosário, que nós e o Prefeito juramos cumprir, e ele, por um canetaço, por um Decreto, no dia 5 de fevereiro, simplesmente revoga a estrutura do que remanescia dos Centros Integrados de Educação Municipal, a pedra de toque da pedagogia educacional do PDT e do Trabalhismo. Simplesmente, num canetaço, revoga os CIEMs para sepultar definitivamente o que restava ainda em relação aos CIEPs de Leonel Brizola e de Darci Ribeiro. Eu ainda acredito que algum radical tenha feito isso sem o necessário cuidado, o que levou o Prefeito Raul Pont a assinar esse Decreto juntamente com o "registre-se e publique-se" do Sr. Vice-Prefeito. E nenhuma explicação foi dada. Ainda aguardo a reconsideração do referido Decreto; acho que foi um equívoco, até porque, recentemente, no Governo do anterior Prefeito Tarso Genro, participei da inauguração da Escola Municipal Neusa Goulart Brizola. Naquela oportunidade, junto a lideranças trabalhistas, ao ex-Governador Leonel Brizola, com a presença do ex-Prefeito Olívio Dutra e com o então Prefeito, Tarso Genro, ali se colocou a necessidade de discussão da educação e da pedagogia dos oprimidos e dos excluídos, que é representada pelo PDT e pelo PT. Surpreendentemente, num golpe de socapa, típico de xiitas e que não pertence aos grandes setores que estão presentes dentro do PT, revogam, num canetaço, os Centros Integrados de Educação Municipal, numa violação clara à Lei Orgânica. Inclusive, vou consultar a Comissão de Constituição e Justiça se é legal esse Decreto; se não for, vamos buscar a nulidade dele. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)<C>

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Sr. Reginaldo Pujol está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não desconhecemos uma tática que os inteligentes, capazes, as cabeças brilhantes desenvolvem, de desviar o rumo das discussões quando essas não lhes são convenientes. Quero, nesse sentido, cumprimentar o ilustre Ver. Juarez Pinheiro que, de forma brilhante, utilizou seus dez minutos na tribuna para criticar a política neoliberal do Presidente Fernando Henrique Cardoso, de fato teria de merecer, da minha parte, a devida atenção, como único liberal da Casa e, no momento, um dos poucos representes das greis políticas que apóiam Fernando Henrique, basicamente naquela que, originalmente, sustentam a sua candidatura e que forma a sua base política, o PSDB, o PFL, e o PTB, do ilustre Ver. Luiz Braz e do 1º Secretário da Casa.

Nós sabemos que, se o Presidente Fernando Henrique é criticado por intelectuais italianos, nós ficamos muito satisfeitos que isso ocorra, porque nós queremos é que não seja criticado pelo povo brasileiro a quem ele deve cumprir com as suas finalidades. Se a visão de Bolonha, da Itália, não coincide com a nossa visão, nós ficamos muito satisfeitos. Nós não estamos buscando socorro no exterior, até porque na Cidade de Porto Alegre, onde exercemos o nosso mandato, há uma série se situações que devem merecer, urgentemente, a nossa atenção, de forma que não entremos, neste momento, nessa proposta de debate nacional que nos é formulado, em função de que temos o compromisso com os problemas de Porto Alegre que hoje florescem mais do que nunca.

Aliás, esta Casa já iniciou a sua manhã com a manifestação da Liderança do PT, que falava sobre a necessidade da pista de eventos, fato esse que, para este Legislativo, não é novidade nenhuma, porque já aguardamos há oito anos, quando o seu correligionário Alceu Collares publicou, ao "apagar das luzes" da sua administração, um edital para a construção da pista de eventos, que foi revogado nos primeiros dias da Administração Popular, para ser substituído, ainda naquele ano, por um outro, que melhor resolvesse o problema. e estamos aguardando esse tempo todo uma solução.

Ninguém aqui nesta Cidade, especialmente na representação popular, desconhece da necessidade de se ter um local definitivo para esses eventos como o carnaval, mas, evidentemente, entre reconhecer essa situação e nos conformar com algumas manobras que são feitas à socapa, todos os anos, quando se insistia em colocar uma pista de eventos em lugar inadequado e condenado por vários segmentos sociais, há uma diferença muito grande. Então, Ver. João Dib, V. Exa. não se preocupe, pois eles não vão conseguir liquidar Porto Alegre, porque, o que está faltando na cidade, não é essas medidas absolutamente paliativas que a livre iniciativa procura realizar em desespero pela queda nas vendas que ocorre, neste mês de fevereiro, especialmente no período do Carnaval. Não existe uma política turística na cidade de Porto Alegre, e nada é feito nesse sentido, o que é feito é no sentido diminutivo e não de acrescentar alguma coisa. O Ver. Gerson Almeida, que foi o primeiro a falar sobre a necessidade do Parque de Eventos, deve saber que o próprio carnaval, pelo empenho e dedicação dos carnavalescos, se realizou para dezoito mil pessoas e não para as modestas oito mil pessoas que, de forma inconfortável, assistem o Carnaval.

Então, o que se precisa nesta cidade é que o Legislativo fale de sua realidade,  como, aliás, Ver. Isaac Ainhorn, estamos preocupados em ver esclarecida aquela sua denúncia a respeito do problema do Morro da Glória, pois acredito que a Srª. Geni Machado possa oferecer o socorro necessário para os moradores que, em desespero, estão colocados naquele Morro, levando quem sabe aquelas pessoas para as favelas da cidade, segundo anúncio de programas de rádio e televisão. Por isso, Sr. Presidente, o Ver. Isaac Ainhorn, que tem cobrado providências, no dia de hoje, e discutia com o Secretário do Meio Ambiente sobre a ocupação irregular do Morro da Glória, deve procurar a Srª. Geni Machado, que vai levá-lo à indicação, para que se transfiram aqueles moradores para as favelas da cidade. Esta Cidade de Porto Alegre, assim, me deixa sem possibilidade de oferecer uma resposta ao Ver. Sebastião Pinheiro, porque têm muitas situações aqui a me ocupar, como o dispêndio que ocorreu no domingo de Carnaval, enquanto estávamos preocupados com a falta de conforto dos poucos assistentes da noite de sábado, do carnaval de domingo, diligentemente estava sendo feito um despejo. Mais favelados, mais gente que vai procurar a Dona Geni, na busca do local onde morar, porque Porto Alegre vai muito bem, ela anda de ônibus e fica feliz em ver que se constróem casas para os favelados, e o médico, inclusive, visita as pessoas da casa diuturnamente.

Seria muito pouco assunto se não tivéssemos que pensar nessa manifestação do companheiro, Líder do Partido dos Trabalhadores, que fala da inserção do Carnaval da Porto Alegre no Calendário de Turismo na Cidade de Porto Alegre, absolutamente necessária.

É verdade que hoje, Ver. Garcia, eu que sou hóspede de um pequeno hotel do litoral gaúcho, pequeno mas muito eficiente, o Hotel Monteiro, tenho dificuldades de, convivendo com os cordovês, com os argentinos de vários lugares, que gostam muito de "las comparsas" que passam ali pela rua Sepé, modestos blocos carnavalescos, escolas de samba do litoral gaúcho, eu tenho dificuldades em trazê-los aqui em Porto Alegre para assistirem ao desfile das nossas escolas de samba, porque não tem lugar onde colocá-los.

Então, os eventos turísticos, aqui, em Porto Alegre, precisam ser realizados, precisam ser organizados. Porto Alegre não pode se conformar que, num período de Carnaval, mais de um milhão de pessoas saiam da Cidade, carregando com isso cem milhões de reais que deixam de ser faturados pelo comércio da Cidade, pelos prestadores de serviços e que vão ser gastos no Litoral, na Serra, em Salvador, Porto Seguro, Fortaleza, Estados Unidos, Argentina, Uruguai, em todos os lugares, menos em Porto Alegre. Porto Alegre não precisa fazer nada para atrair turistas. Se conseguir reter 10% da fuga anual que ocorre ela já estará dando um passo muito forte. "Tourist" em Porto Alegre é piada, Ver. Gerson Almeida, os hotéis de Porto Alegre, durante o mês de fevereiro, aos sábados e domingos, têm 2% de ocupação, quando têm. É prêmio para alguém se hospedar. Qualquer dia nós vamos fazer uma campanha para manter o porto-alegrense, dizendo que temos com 50% de desconto na rede hoteleira de Porto Alegre, para que fiquem na Cidade. Então, como fazer Calendário de Turismo, se não temos sequer condição de manter os porto-alegrenses na nossa Cidade durante os meses de janeiro e fevereiro?

Por isso, Ver. Juarez Pinheiro, deixei de oferecer - o que seria para mim tranqüilidade - uma defesa ao Presidente Fernando Henrique Cardoso, porque tinha que me ocupar, como efetivamente estou me ocupando, com os despejados da Cidade, com os desalojados da vida, com o diuturno da nossa Cidade de Porto Alegre que não está tão bem assim, apesar da Dona Geni Machado, que me permita, numa manhã dessas me ocupar e me preocupar com a opinião dos intelectuais da Itália. Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em primeiro lugar quero destacar minha saudação aos foliões pela passagem do Carnaval. Acredito também que Porto Alegre tem que desenvolver uma nova maneira de aproveitar o Carnaval. Eu associo a festa de participação do Carnaval, não somente assistir o Carnaval. Não é que eu seja da época em que Porto Alegre tinha os carnavais de bairro, onde as pessoas faziam carnaval e não assistiam carnaval. Mas, pelo histórico que se tem desta Cidade, sabemos que ela já promoveu, em outros tempos, carnavais de bairros, que faziam com que os foliões da Cidade pudessem festejar o Carnaval. Na realidade de hoje, está começando a se construir, novamente, em Porto Alegre uma visão em que o cidadão não assiste, ele participa do Carnaval. A exemplo disso, temos os carnavais regionais da Cidade, o carnaval da Av. Antônio de Carvalho, que reuniu, esse ano, na Muamba e nas noites de Carnaval, mais de cinco mil pessoas. É importante desenvolvermos essa visão de Carnaval, onde o morador faça o Carnaval na sua própria localidade.

Outra coisa que quero dizer: é comum afirmarmos que o povo não tem memória. Gostaria, então, de destacar que, pelo menos na Cidade de Porto Alegre, isso não é verdade, nos jornais de hoje anunciam que o ex-chefe do cerimonial do Palácio Júlio César Gomes, envolvido no escândalo do SIVAM - Sistema de Vigilância de Amazônia - está sendo nomeado Embaixador na ONU para o Setor de Alimentação e Cultura que fica em Roma. Um prêmio ao homem que esteve envolvido num dos mais sérios escândalos da Nação. Que tipo de Governo é esse que dá um prêmio a um homem que envolveu-se num escândalo? Só para registrar que o povo tem memória, e essa memória tem que ficar registrada nesta Casa.

A terceira questão é que li matéria do Ver. Eliseu Sabino denunciando o abandono dos Conselhos Tutelares, a falta de apoio. Quero colocar minha contrariedade à matéria e ao ponto de vista que o Vereador desenvolveu no sentido de que hoje temos uma realidade no Rio Grande do Sul que aponta para o fechamento de inúmeros Conselhos Tutelares. Tínhamos, em 1993, aproximadamente 200 Conselhos Tutelares funcionando no Rio Grande do Sul. Hoje houve uma redução no número. Cidades-pólo do Rio Grande do Sul não deram o incentivo necessário aos Conselhos Tutelares, eles tiveram que fechar, ou estão funcionando em precárias condições. Porto Alegre é exemplo nacional do apoio e da construção dos Conselhos Tutelares. Falta muito a se construir junto aos mesmos, mas, em relação à defesa da criança e do adolescente, Porto Alegre é exemplo. Em relação ao que ele coloca, a falta de apoio à função de Conselheiro, diz que toda a infra-estrutura está construindo na Cidade de rede de atendimento à criança e ao adolescente, lá no início, quando foram implantados, em 1989, essa Administração que recebeu a Cidade, a Cidade que não tinha nenhum equipamento especializado para atendimento à criança e aos adolescentes vítimas de violência, contamos hoje com diversos atendimentos e com uma rede integrada com escolas e com postos de saúde. Quero dizer que falta muito ainda, mas as colocações do Vereador na matéria do jornal, hoje, chegam a retratar um quadro de terra arrasada com o que não podemos concordar.

Gostaria de destacar a questão do lançamento feito ontem pela CNBB da Campanha da Fraternidade, que é "A Fraternidade e os encarcerados", dizer da importância de destacarmos esse assunto e debatermos esse assunto: a situação de abandono que estão os presos, a situação dos presídios, hoje, é de calamidade pública; não estamos recuperando esses homens e mulheres que cometem crimes, estamos atirando-os, cada vez mais, à sorte; de forma que nenhuma dessas pessoas, passando por esse processo, poderão ser recuperadas. O sistema penitenciário brasileiro não recupera, não reeduca, ele constrói a violência, a condição de exclusão dessas pessoas. Temos que fazer um debate sobre a superlotação dos presídios, em celas onde devem estar 20 presos são amontoados 70 presos, isso não é a mínima condição humana. Falta um projeto de recuperação dos presos; não temos uma proposta. Enquanto ele cumpre a pena, que tipo de metodologia é usada para recuperar, para fazer com que ele consiga voltar à sociedade como um cidadão, prestando seus compromissos.

Também temos que discutir as penas alternativas. O indivíduo que rouba a Nação, que constrói casa em Miami com torneiras de ouro não vai preso; e o indivíduo que rouba galinha vai preso, cumpre pena e acaba saindo de lá um profissional do crime. Temos que discutir as penas alternativas no sentido de fazer com que o pequeno ato do cidadão desesperado não seja penalizado da mesma forma como grandes crimes, que não são penalizados, como o crime do ex-Presidente Fernando Collor que saqueou a Nação juntamente com outras pessoas e que nada foi feito ainda.

 

A Srª Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Cumprimento V. Exa. pelo pronunciamento. O registro da Campanha da Fraternidade é bastante importante para esta Casa. Foi aprovada pelo Plenário uma solicitação que fiz uma Semana Especial para debatermos essa questão dos encarcerados, um tema bastante polêmico. Devemos fazer esse enfrentamento, debater e buscar soluções, com a responsabilidade pública que temos.

Concordo com V. Exa. em relação aos Conselhos Tutelares. O Ver. Eliseu Sabino certamente nos escuta neste momento, como Vereador bastante atento e presente. Essa preocupação é de todos nós, que os Conselhos tenham cada vez mais condições de trabalho. Porto Alegre tem garantido aos Conselhos uma condição ímpar na relação, especialmente, com outras cidades do Interior e do País. Os Conselhos - e o Vereador tem consciência disso porque tem origem nos Conselhos - de Porto Alegre são referência de atendimento para crianças do Estado inteiro, até por Porto Alegre ser pólo de atendimento de crianças e adolescentes que vêm em busca de emprego, ou fugindo dos maus tratos, como, de sorte, tem acontecido.

Estou protocolando nesta Casa uma solicitação de um telefonema facilitado, de três dígitos para os Conselhos Tutelares. Esses telefones estão à disposição de piadas, de hora certa, e não estão à disposição da criança e dos cidadãos. Quero contar com seu apoio nessa investida. Obrigada.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Esta Casa tem que promover um grande ato, chamando a atenção da sociedade para a questão das penitenciárias e dos presídios. Essa situação não pode ser tolerada. Não estamos recuperando os cidadãos que cometem um erro, mas os levando a cometer outros erros. Isso não é aceitável. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)<C>

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, para uma Comunicação de Liderança, Vereador Juarez Pinheiro.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós verificamos que o assunto, da posse dos nossos dois companheiros suplentes Lauro Hagemann e Cyro Martini, voltou às páginas dos jornais. Nós queremos dizer que, apesar de termos o entendimento da importância das questões de constitucionalidade e legalidade, não entendemos a insistência nesse assunto.

O Vereador João Dib foi contraditório no seu discurso, pois disse que não era lei quando falava sobre "Liquida Porto Alegre". A Prefeitura não tem nenhuma responsabilidade. Aliás eu entendo que a representação de seu mandato, Ver. João Dib, assim como a do Vereador Pujol está mais ligada às questões da livre iniciativa do que a minha para se manifestar.

Sabe o Vereador João Dib quem recebe o apoio político, nas suas campanhas eleitorais, desses setores que o Poder Executivo não tem interferência - vejam o que cobram os liberais e conservadores do Estado que se intromete demais nas políticas do setor privado - e quer que o Município faça censura à política que é dos órgãos comerciais desta Cidade, que visa incrementar o volume de vendas do comércio. Não vou mais adiante nessa questão, porque vejo que há contradição e posicionamento diferenciado, pois o Vereador Pujol não pensa igual ao Vereador João Dib.

Então, na questão dos nossos Vereadores Suplentes, eu desafio o Ver. João Dib a dizer onde está, no Regimento, que, durante o período de recesso parlamentar, Vereador Suplente não pode assumir. O Vereador pode consultar o artigo 20, inciso II, e os artigos 218 e 219 do Regimento. Eu gostaria de lembrar a nobre Vereadora Anamaria Negroni que o PDSB e o PMDB, agora, desmascaram a questão da preocupação com a legalidade, pois já se vê que são os partidos que ficaram fora do protocolo, que são o PPB, o PSDB, o PMDB, quer dizer: é uma manobra para tentar desconstitucionalizar em parte, mas não vão conseguir, a nova Mesa Diretora. Desafio que me mostrem, no Regimento, onde diz que não pode, durante o período de recesso, um parlamentar, um Vereador legitimamente eleito, assumir o seu mandato. Quero lembrar a Verª. Anamaria Negroni, que ingressa também nessa ação, junto com seu Partido, que a Lei de ação popular é muito clara: quem litigiar de má-fé vai receber o troco. Seria muito interessante, essas pessoas que estão sendo aliciados para ingressarem conjuntamente nessa ação, proposta pelo Ver. João Antônio Dib, que tivessem isso claro: Litígio de má-fé, é isso o que estão fazendo. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)<C>

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo Vereador inscrito, em Comunicação de Liderança, é o Ver. João Dib, do PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Como é bom ver o nobre Ver. Juarez Pinheiro se entusiasmar e exceder-se um pouquinho. Acho que, de vez em quando, posso também me exceder, porque o Ver. Juarez Pinheiro é muito correto. Quero dizer que leio as coisas que saem de Porto Alegre, eu amo Porto Alegre. Estou lendo e escrevendo sobre Porto Alegre de 1936, onde, naquele período, morriam 70 crianças a cada mil nascimentos. Na hora, nasciam mortos. E outras coisas mais como a Banda Municipal, denominação de ruas, orçamento do município, assim como leio quando falam em Porto Alegre que querem liquidar, diz aqui: "A promoção está sendo organizada pela Câmara dos Dirigentes Lojistas, Serviço de Proteção ao Crédito em Porto Alegre em parceria com o Governo do Estado, a Prefeitura de Porto Alegre e a RBS." Não fui eu que escrevi, mas fui eu que li. Agora, o que disse e vou dizer de novo: eu amo Porto Alegre e não admito que se diga que Porto Alegre seja liquidada na “Casa X”. Há pessoas que só falam aqui do problema da privatização e dizem horrores.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu fico muito satisfeito com a irritação do Ver. Juarez pela ação que se desenvolve na Justiça. Já disse aqui: eu não sou o dono da verdade, mas eu vou atrás da verdade, é minha obrigação ir atrás da verdade, é minha obrigação fazer com que a lei seja cumprida, senão batem a carteira do povo de Porto Alegre facilmente, como fez agora o Prefeito por um Decreto que modificou a Lei Orgânica.  A Lei Orgânica foi fruto de combinação do PT e do PDT, negociata que fizeram na hora da Lei Orgânica: acertaram os dois para votar que os CIEMs deveriam permanecer, mesmo sabendo o PDT que não seria cumprido, mas aceitaram desde que ficasse na Lei Orgânica. Agora, o Prefeito achou que, por um Decreto, ele vai mudar a Lei Orgânica. Mas o que na realidade quero dizer é que não sou o dono da verdade, mas gosto da verdade e persigo a verdade. Eu coloquei o problema para a Mesa da Casa no dia dois de janeiro - há jurisprudência formada na Casa -: o Ver. Raul Carrion não pôde assumir, apesar de ter sido Vereador por várias vezes, no mês de janeiro do ano passado. Será que o Ver. Isaac Ainhorn, que era o Presidente, fazia alguma manobra? Agora, no que se baseia atual Mesa para dizer que os dois Vereadores podiam assumir? Dizia a Procuradoria da Casa - equivocadamente - que no dia 1º de janeiro de 1993 ocorrera fato idêntico com o Ver. Gregol. Não, não ocorreu, é aí que a Mesa se equivoca. No dia 1º de janeiro de 93, o Ver. Gregol se licenciou, está no processo de abertura de trabalhos, foi votada a sua licença, que aliás, não seria necessário; foi votada a licença e assumiu o Ver. José Valdir, que imediatamente entrou com pedido de licença a partir de 1º de janeiro; então assumiu o atual Líder do PT, Ver. Gerson Almeida. Então é muito diferente daqueles que, no dia 1º de janeiro, comunicaram que a partir de 2 de janeiro, estariam assumindo Secretarias; e devo dizer que também consultei a Mesa e não recebi resposta. Como que eles foram... (Apartes anti-regimentais.) O Fontana era responsável pelo expediente da Secretaria, portanto não era Secretário; apenas a partir de 1º de fevereiro foi nomeado Secretário. Isso é o desejo dos petistas de aproveitar as férias. Eles que falam contra todo mundo. E quase todos os Secretários fizeram a mesma coisa: pediram férias depois de terminar os seus mandatos. Então, não tinha por que o Vereador, que não perde o mandato ao assumir uma Secretaria... (Aparte anti-regimental.)

Ele não foi investido na Secretaria, eu já respondi por várias secretarias, dezenas de vezes, e eu não era o Secretário; respondia, como o Dr. Alvarez que, reiteradas vezes, se intitulou Prefeito interino e era apenas o responsável pelo expediente da Prefeitura. Encerro, Sr. Presidente. Gostaria de continuar informando, mas o artigo 79 do Regimento responde às preocupações do Ver. Juarez Pinheiro quanto à substituição ou não de Vereadores no recesso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Pela ordem, Liderança com o PSDB, Verª. Anamaria Negroni.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Senhoras e Senhores. Aproveito esses poucos minutos que tenho para parabenizar o PT pelos 17 anos cumpridos na última segunda-feira, porque, ainda que sejamos opositores do PT nesta Casa, nós os respeitamos muito, porque a oposição, para nós, é sempre bem-vinda, é salutar; quem ganha com isso é o povo, ganha o povo em Porto Alegre, com nossa oposição, e ganha o povo brasileiro com a oposição do PT ao Governo Estadual e Federal, porque a oposição, mesmo quando sistemática e quando radical, está sempre fiscalizando. E eu acho que isso é sempre bem-vindo. Parabéns, então, ao Partido dos Trabalhadores.

Temos que parabenizar também, de alguma forma, o PT, com razão, porque a Secretaria Municipal da Cultura está fazendo um belo trabalho em Porto Alegre; nós temos verificado isso. E colocar com relação ao carnaval, onde nós estivemos participando - porque me considero, inclusive, com muita honra, a primeira Vereadora a ser eleita pela comunidade carnavalesca e tenho estreito relacionamento com esse povo -:lá nós observamos a organização com que foi feita, com que foi elaborada toda a festa do carnaval, que é tida como a maior festa popular do mundo. Então, nós devemos dar mais ênfase a isso, devemos, na nossa concepção, tornar possível e viável a pista de eventos, porque nós vimos, neste carnaval em que estivemos mais próximos a esta festa, - estivemos quase todas as noites lá - o quanto é necessário essa pista para outros eventos também. Mas nós verificamos, inclusive, que a SMIC colocou uma lona na praça de alimentação, uma lona bastante bonita, com os "stands" bem organizados, e me parece que a Prefeitura Municipal tem tido azar com relação a coberturas, porque teve lá no Araújo Viana, já disse isso no rádio, o que eu acho um azar; e nós tivemos agora, também na praça de alimentação! Isso, realmente, eu sinto muito, porque o pessoal, os vendedores, os comerciantes, perderam com isso, perderam produtos, perderam vendas, sem dúvida nenhuma.

Eu não acredito que a Administração Popular tenha contratado qualquer empresa para que ocorresse isso. Obviamente que não. O que se queria é que tivesse ocorrido tudo bem. Mas foi um azar. Eu vejo desta forma. E é exatamente por isso que nós reivindicamos aqui a pista de eventos que, para nós, é por demais necessária. Nós acabaríamos com esses problemas e teríamos um espaço maravilhoso. Nós trataríamos, certamente, com esses eventos bem-programados, bem-estruturados, recursos e divisas para o nosso País, inclusive para o nosso Estado, para a nossa Cidade, oriundas do turismo. Espero que fique registrado o nosso pedido de que nossos pares, quando da aprovação do Projeto da Pista de Eventos, passem isso o quanto antes, já que temos verba destinada para tanto. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Há fatos, situações, circunstâncias, inclusive, que nos chamam por demais a atenção, não pelo seu valor, pela sua relevância, mas pela sua singularidade, pelo seu inusitado de uma parte; e, de outra parte, traz no seu bojo, também, algum propósito que não convém aos melhores princípios da boa ética. Tais fatos, tais circunstâncias merecem a nossa consideração. Não tenho por que não convocar, para me ajudar, o meu companheiro de bairro, de vila popular, o dono do armazém, quando, na esquina, conversando, ele diz que uma pessoa que caminha só ou que marcha com o batalhão, de passo trocado, é o "joãozinho-do-passo-certo". Essa é uma figura tradicional, como há outras que envolvem o nome dos "Joãos". Nada de pejorativo, nada de aviltante contra eles, mas essa figura vem a calhar. Sobre ela eu já tive oportunidade de me reportar; mas hoje, eu quero trazer, novamente, o auxílio daquele meu companheiro lá do bar - o Farolito - do nosso já falecido Nilo Lunardi, grande companheiro, meu e do Adaucto Vasconcellos. Quando conversávamos, ele dizia: " Esse aí é o rei da abobrinha", referindo-se a um assunto sem pertinência, sem importância, sem relevância. Tenho certeza de que também o meu amigo "bom de bola", Comissário Benito junto com outros, lá em Cidreira, tomando uma cervejinha, batucando na volta do campo de futebol diz, quando chega alguém abordando um assunto de importância menor, sem conexão com o que se fala: "Este é o rei da abobrinha". Lamentavelmente, tem razão o meu amigo da bodega, lá da esquina, lá no Morro da Cruz, lá da Vila Esmeralda ou da Vila Santa Helena, na Lomba do Pinheiro; tem razão. O Ver. João Dib trouxe uma expressão contida nas publicidades de hoje: "Liquida Porto Alegre". Evidente que isso é um assunto para quem não tem o que dizer, para quem não tem o que falar, porque, se estivéssemos falando a respeito da língua nacional, até concordo, porque a falta de uma pontuação leva a conclusões um pouco ruins. Mas dizer que Porto Alegre vai ser liquidada só porque o publicitário entendeu que Porto Alegre vai ficar mais gorda ou mais magra por causa disso, francamente. Porto Alegre tem tantos problemas sérios no campo da segurança, educação, saúde e da moradia para eu vir, aqui, dizer assim: "Liquida Porto Alegre", porque não puseram uma vírgula. Isso não tem cabimento na publicidade, que aliás merece até todo o nosso respeito. De outra parte, é verdade - aqui temos que aproveitar a deixa - o Ver. João Dib demonstrou que sabe que a palavra tem, no contexto, a sua significação exata. Por isso, quando ele diz "suplente" no sentido e usa em outro sentido para encontrar respaldo àquilo que ele quer com relação a nossa convocação para composição dos 33 Vereadores desta Casa, está agindo de modo consciente. Ele sabe que está faltando com a verdade. Não é isso propriamente, mas com a significação da palavra. Quando ele quer liquidar Porto Alegre, porque liquidar é acabar com a coisa, sabe que não é liquidar nem liquidar em outro sentido, demonstra que sabe que "serra" é uma coisa num contexto, e "serra" é outra coisa muitíssimo diferente em outro contexto. Por isso não podemos admitir que ele, o Ver. João Dib, aquele que senta no meio deste Plenário, basta colocarmos uma régua ou outro instrumento que meça, e veremos que ele senta no centro do Plenário para controlar tudo. Mas abobrinhas, abobrinhas não surtem efeitos!

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu desejaria dizer a V. Exa. que não sou o dono da verdade e não sei por que V. Exa. tem tanto medo da verdade, pois a verdade será dita pela Justiça. Por que se preocupar com isso? A Justiça vai dizer se estou errado ou se a Câmara está errada, mas V. Exa. não vai me dizer que estava certo o que fizeram, então, com o Ver. Raul Carrion, que não assumiu na Comissão Representativa. Isso é jurisprudência.

 

O SR. CYRO MARTINI: O nobre Ver. Juarez Pinheiro não está presente, mas ele poderia, perfeitamente, nos esclarecer que jurisprudência se assenta em decisões do Judiciário. Aqui são pareceres acolhidos ou não pela Presidência, pela Mesa ou pelo Plenário da Casa, não é jurisprudência. Não é prudência a partir de julgados. Julgados o são pelo Poder Judiciário. Então, não confundamos um parecer de uma comissão ou de um setor da Casa com uma decisão dos tribunais, que é bastante diferente. V. Exa. se equivoca novamente.

 

O Sr. João Dib: Se V. Exa. está me dando uma lição por certo conhece o Direito Consuetudinário.

 

O SR. CYRO MARTINI: Direito Consuetudinário  é o direito dos costumes, e V. Exa. já caminhou um pouco mais no conhecimento do Direito, mas o Direito Consuetudinário ele não é assim, ele acaba sendo a moral, e a moral não se impõe por si dentro do campo do judiciário. Ela respalda, ilumina, mas não é assim. Se eu disser aqui qualquer palavra ela virá, então, em meu socorro, em meu apoio, se eu jogar no ar qualquer palavra, consuetudinário, verdade, etc., e V. Exa. me deixa numa situação deveras delicada ao dizer que eu não quero a verdade. Se V. Exa. entender querer a verdade, ser dono dela, evidentemente que eu não quero ser dono de verdade alguma, eu quero, como os demais, encontrar qualquer verdade. Agora, verdade, no campo jurídico, não é a mesma verdade que encontramos nas leis da Física, nas leis da Química, das ciências exatas, é bem diferente.

Queria apenas deixar registrada essa minha manifestação, porque fico preocupado com a sorte do Ver. João Dib, que vai acabar o "Joãozinho-do-passo-certo", o "Rei da Abobrinha", eu não sei aonde ele vai parar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Verª. Anamaria Negroni está com a palavra em Comunicações. Assinalo que as Proposições de V. Exa., as duas primeiras, foram aprovadas por unanimidade por esta Casa.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, venho fazer uma pequena defesa com relação ao "Liquida Porto Alegre", colocado pelo Ver. João Dib.

Vejo ser a situação de não colocação de uma vírgula na expressão "Para quem ama Porto Alegre", como nós, não gostamos de ver e não queremos ver essa frase como está, pois pode ser interpretada em um outro sentido. Deve ser posta uma vírgula para evitar, talvez, equívocos ou dupla interpretação.

Por outro lado, parabenizamos a atuação da Secretária de Cultura, Margarete Costa Moraes, e a Coordenadora de Carnaval, Leila Pereira Leita, pelo trabalho desenvolvido durante essa grande festa popular. Cumprimento à Diretoria da Associação dos Carnavalescos, nas pessoas do Prefeito Evaristo Much, do vice Evaristo Chagas e da Diretoria de Eventos Solange, esta por módico salário, trabalha incansavelmente para que a festa do Carnaval de Porto Alegre seja maravilhosa. Parabéns a essas pessoas.

A Secretaria Municipal da Cultura tem sido uma maravilha. Gostamos muito da programação que está circulando em Porto Alegre. Temos aqui um prospecto da SMC, do período de janeiro e fevereiro: Carnaval, concursos, danças, livrarias, uma infinidade de eventos. Entretanto, nos chamou a atenção que a "Usina do Gasômetro fecharia para obras". Não fechará. Perdemos a verba de R$ 859.000,00, por negligência do Executivo Municipal, por ter deixado de iniciar as obras que estavam previstas até dezembro do ano passado. Com um olhar muito crítico, trata-se de propaganda enganosa.

Gostaria que ficasse registrada, nos Anais da Casa, a visita do nosso Presidente Fernando Henrique Cardoso, ocorrida no último dia seis. Para mim foi uma grande honra e satisfação tê-lo recepcionado e acompanhado por todo o período em que esteve em nossa Capital. Salvo manifestação oposicionista de tênue repercussão, o povo porto-alegrense recebeu Fernando Henrique Cardoso com grande alegria, respeito, consideração e até emoção, em uma verdadeira demonstração de civilidade e democracia.

Gostaria de registrar, também, que Fernando Henrique Cardoso pôde contar com a presença do nosso Prefeito em exercício José Fortunati e o nosso Presidente da Casa, Clovis Ilgenfritz. Sendo que, ambos, se portaram como perfeitos cavalheiros, firmando-se assim, perfeitos democratas. Hoje, li no Jornal do Comércio que talvez o nosso Prefeito Raul Pont tenha-se ausentado neste período para se furtar do encontro com Fernando Henrique. Eu espero que isso seja um equívoco da imprensa, porque eu vejo na pessoa do Prefeito uma pessoa educada. Eu não quero acreditar nessa notícia, porque seria muito deselegante e anti-ético, muito antidemocrático, que tivesse assim ocorrido.

Em relação ao desemprego, que tem, sempre, aqui, sido colocado como uma grande arma contra os nossos governos Estadual e Federal, sabemos que o desemprego não é exclusividade do nosso País. Têm países mais desenvolvidos que o nosso e que vivenciam o mesmo drama. Creio que os Governos Federal e Estadual estão de mãos dadas, hoje, e estão tentando usar inúmeros mecanismos para encontrar soluções para o desemprego. Esses dois governos são um motor, que impulsiona o desenvolvimento, proporcionando assim, uma conseqüente geração de empregos, na medida em que fazem mais estradas, pontes, viadutos, usinas geradoras de eletricidade, despoluição do estuário do rio Guaíba, o novo aeroporto, a duplicação do Pólo Petroquímico - que está por sair -, a fábrica de automóvel da GM, etc. São muitas obras que, certamente, trarão emprego para o povo do nosso Estado. O Presidente Fernando Henrique Cardoso prometeu ajudar muito mais, a partir deste ano, criando novos mecanismos para incentivar a agricultura do nosso Estado e de todo o País, em especial a metade sul, a parte mais sofrida do nosso estado.

O Plano Real, ainda que contrário aos interesses de muitos, que por diversos motivos dele divergem, é um Plano que está dando certo, é um Plano bom e está se desenvolvendo muito bem. Vamos acreditar nele e na competência dos nossos governantes, pois somente dessa forma poderemos medir nosso grau de despreendimento, lutando contra o individualismo em prol do coletivismo. Eu mesma sou exemplo do que aqui prego. Como empresária deixei de ganhar juros e correção monetária com a queda da inflação. Deveria ser uma pessoa contra o sistema, porém sou uma de suas maiores defensoras, pois penso: se estou deixando de ganhar é porque outras pessoas estão ganhando. Esses ganhadores, ainda que não sejam funcionários do município, são pessoas carentes, da classe "C", "D", "E", da nossa sociedade.

Assim, convido a todos nobres Vereadores para juntarmos nossas forças em prol da maioria, pois, negar tal processo nos dias atuais, seria anti-ético, antidemocrático e antipatriótico da nossa parte. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)<C>

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Faço um protesto, pois há duas semanas atrás solicitei à Mesa da Casa o número de assessores por gabinete de todos os Vereadores.  Seria um documento para ser respondido em algumas horas, mas até agora não recebi nada, também o solicitei para examinar a posição do Ver. Henrique Fontana e do Ver. João Verle ao assumirem a Secretaria da Saúde e do DEMHAB, não recebi nada.

 

O SR. PRESIDENTE: Comprometo-me a buscar, ainda hoje, uma resposta atualizada dessas informações.

Declaro que os trabalhos estão encerrados.

 

(Encerra-se a Sessão às 11h38min.)

 

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